À Maria Rita
Como não sentir falta daquilo que foi parte de si?
Como não travar os impulsos da despedida nas memórias felizes de momentos passados?
Segurar nas mãos do futuro é o reinventar de nossa própria história...
Mas quem disse que esta história não servia mais?
Passamos os dias contando os minutos do precoce destino, e bolinamos nossa alma com as goteiras de lágrimas de saudade-feliz.
É estranho imaginar essa tal saudade-feliz...
Ela é garota mais nova e de energia exaltante, montada a cavalo e de esporas aos pés, descendo as ladeiras com aquilo que era e subindo de volta com aquilo que será.
Essa saudade samba em todos os lugares e viaja o país com metade de nossos sentimentos expostos...
Mas deixa metade deles guardados para que possamos chamá-los de coração.
Será que ele pulsa metade-batendo?
Essa garota impulsiva percorre a garganta e transmuta-se em nó.
E quando cai exausta, e exausta-se rápido, ela sai como grito cantado, retratos colados em espelhos de camarim.
Essas palavras que ela sai por aí falando, aos poucos vão esgotando os seus noventa sentidos... E ela cansa de andar.
E quando ela cansa é tempo de novas inveções... É tempo da revolução de um corpo só, munido de uma só ferramenta, travado em apenas uma batalha:
A batalha da alma contra o muito-ninguém.
E passado o muito, que pode ser pouco, ou o pouco que é pouco demais, esbalda-se na loucura essa menina-saudade, e corre mundo afora mudando seus trajes, cantando em lajes e em palcos de pequenas cidades, interpretando os sons à sua maneira, falando do amor e da vida, do sol e do mar, do jeito certo de amar...
É danada demais da conta, essa menina...
Deve ser Menina-Maria também.
Quando ainda é cedo, quando achamos que a partida ainda será logo menos, quando nos acostumamos às maneiras dessa Maria, vai-se ela mais uma vez embora....
E parte mesmo sendo nossa parte...
Mesmo levando consigo a metade...
Mesmo não tendo vontade...
E como não sentir falta daquilo que foi parte de si?
(Matheus de Castro)
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